O uso de marcas próprias tem como objetivo impulsionar o crescimento de varejistas por boas razões. As marcas próprias, dão capacidade de maior controle em toda a cadeia de produção, marketing, posicionamento nas gôndolas, preço e afins.
Gigantes supermercadistas planejam aumento significativo na oferta de itens de marcas próprias, principalmente em alimentos e bebidas. A GPA e Carrefour pretendem, ainda em 2019, incluir em suas gôndolas 950 novos produtos.
É natural que os consumidores que já confiam no varejista tenham maior probabilidade de confiar nas marcas que levam o nome dele.
Por muitos anos esses produtos eram considerados de qualidade inferior e com preços mais acessíveis. Entre as estratégias atuais desses varejistas estão diversas ações para o fortalecimento de suas marcas.
Uma pesquisa da One Click Retail¹, apontou a liderança da marca AmazonBasic, da Amazon, como a principal marca própria da empresa, com taxa de crescimento anual de 10% e mais de 400 milhões de dólares em vendas estimadas. “As marcas próprias da Amazon mostraram histórias de sucesso suficientes para garantir que a Amazon não recue tão cedo“, disse Spencer Millerberg , CEO da One Click Retail. “Este é um alerta para as marcas que vendem na Amazon – é realmente a hora de prestar atenção”.
Este alerta pode ser estendido para todas as marcas que vendem em grandes varejistas. Como cada uma das indústrias e fábricas tem lidado com esta situação? Como tem monitorado a exposição dos seus produtos nas prateleiras? Eles tem ficado em posições inferiores aos produtos de marca própria?
Por outro lado, a redução de opções de marcas, em cada linha de produto, nas prateleiras facilitam a decisão de compra. Barry Schwartz, autor do livro O Paradoxo da Escolha: Por Que Mais É Menos, deixa claro que confrontar clientes com muitas opções os confunde e, em última análise, reduz sua probabilidade de compra. Vale abrir um parêntese na leitura para assistir o vídeo abaixo com a apresentação dele no TED para entender um pouco o porquê da dificuldade em escolhermos algo nos dias de hoje.
Nos últimos anos, os varejistas aumentaram drasticamente o número de opções em suas prateleiras. Um supermercado tradicional possui cerca de 20.000 itens. Isso pode agravar o problema de escolha e diminuir seu retorno e a satisfação de seus clientes.
Varejistas mais atentos tem buscado resolver o paradoxo do problema de escolha dos seus clientes, dando a eles menos produtos para escolher, mas maior satisfação quando tiverem feito a sua escolha. Em muitos casos isso pode também trazer melhores resultados nas vendas.
A Nielsen em uma pesquisa², mostrou que 31% os varejistas têm marca própria. Ou seja, existe espaço de sobra para que esse segmento seja explorado.
As principais empresas já estão atentas a esse espaço para crescimento, vide as projeções de quantidade de produtos que serão colocados nas prateleiras ainda este ano. O que pode ajudar nessa escalada é acelerar o aumento da capacidade, a melhoria dos processos internos e maior uso de tecnologia para redução dos custos nas industrias que pretendem atender ao segmento de marcas próprias.
Como ficará a disputa das marcas próprias com as marcas tradicionais, da grande indústria?
Segundo Neide Montesano, presidente da ABMAPRO (Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização), em entrevista ao Mundo do Marketing³, disse que “vai ficar como é lá fora. Há redes na Inglaterra que tem 70, 90 e até 100% dos produtos que são marca própria. O interessante é que lá eles já estão numa quarta fase, onde a marca própria vai buscar produtos com novas tecnologias, que às vezes nem os líderes tem.”
E você? O que acha dessa caminhada do mercado varejista? Comente.
Fontes:
(1) Pesquisa One Clique Retail – https://www.prnewswire.com/news-releases/one-click-retail-publishes-amazon-private-brands-2017-year-end-review-300573956.html
(2) Pequisa Nielsen – https://www.nielsen.com/br/pt/insights/news/2017/marca-propria-ganha-espaco-na-despensa.html
(3) Entrevista Neide Montesano – https://www.mundodomarketing.com.br/entrevistas/2845/marca-propria-ganha-cada-vez-mais-mercado.html
Imagem – https://br.depositphotos.com